Atropelamento de animais silvestres
As rodovias são importantes pontos de comunicação entre os municípios e traz consigo progresso para a região que atravessa, sendo possível manter o abastecimento e a integração do país.
Pelo fato de conectar diversas áreas de um país com dimensões continentais, atravessam extensas áreas naturais e acabam por ocasionar alguns problemas como poluição sonora e luminosa, fragmentação de habitats, dispersão de espécies silvestres e atropelamentos envolvendo veículos, pessoas e animais, sejam estes domésticos ou silvestres, muitas vezes fatais ou com graves consequências para as vítimas.
O atropelamento de animais ainda é um problema pouco ressaltado entre as questões que envolvem a ameaça das espécies da fauna brasileira. É um impacto que deveria ser considerado principalmente em rodovias com maior fluxo (BR-050, BR-262, BR-352, além de várias outras federais e estaduais...) e que cruzam áreas potencialmente ricas em fauna. Muitas espécies utilizam as estradas em seus deslocamentos diários, estando sujeitas a serem mortas por veículos em alta velocidade.
Quando um animal encontra uma estrada, as chances de acontecer um acidente são grandes. Os motoristas dirigem acima da velocidade permitida quando não tem radar, os bichos não sabem o que fazer e faltam meios de atravessar com segurança.
De acordo com o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) 1,3 milhões de animais morrem diariamente e ao final de um ano, até 475 milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil.
Ainda de acordo com os estudos do CBEE, a maioria dos animais mortos por atropelamento são pequenos vertebrados, como sapos, pequenas aves, cobras, entre outros. Estima-se que morram aproximadamente 430 milhões de pequenos animais.
O restante dos 45 milhões se dividem em 40 milhões de animais de médio porte (p.ex. gambás, lebres, macacos) e 5 milhões são de grande porte (p.ex. onça-parda, lobos-guarás, onça-pintadas, antas, capivaras).
Quando muitos animais silvestres são mortos, acontece uma reação em cadeia, ecologicamente prejudicial, afetando diretamente o ser humano. Proliferação de pragas e deslocamento de outros animais silvestres para centros urbanos em busca de alimentos são exemplos.
Durante assessoria e consultoria de fauna para empresas de engenharia na implantação de empreendimentos ambientais, indicamos adotar algumas medidas para prevenção de atropelamento de animais e acidentes com o pessoal envolvido, pois durante a construção o fluxo nas estradas será aumentado pelo tráfego dos veículos nas obras.
Essa medida corresponde à instalação de placas de advertência, instalações de redutores de velocidade nos locais de maior movimentação de veículos e nas áreas de maior sensibilidade ambiental, como os corredores de migração faunística, nas baixadas, nas áreas preservadas, e medidas de educação ambiental.
A velocidade é uma das grandes inimigas dos animais, e infelizmente quando o motorista acelera demais não dá tempo de evitar o atropelamento. Muitas espécies silvestres são de hábito noturno, portanto é essencial redobrar a atenção ao trafegar nos horários de crepúsculo, quando algumas espécies são mais ativas.
Caminhões com cargas mal embaladas de alimentos podem ser fatais para muitos bichos. Qualquer tipo de comida que cai na estrada acaba atraindo animais em busca de uma refeição fácil e algumas espécies podem fazer das rodovias sua rota preferencial de alimentação. Os répteis por exemplo, podem ir para a rodovia em busca de aquecimento.
E um acidente chama outro, se uma ave desce para comer grãos espalhados no chão e acaba atropelada, logo virão animais que se alimentam de carniça para aproveitar a refeição.
Existem ações eficientes para proteção da natureza e mitigação dos impactos ambientais nas estradas tais como: cercas de proteção; engenharia de estradas com a devida consultoria ambiental, promovendo implantação de passagem seguras para animais; programas de educação no trânsito, sinalização e programas de educação ambiental.