Automutilação e destruição das penas
A automutilação, destruição, arrancamento das penas, ou ainda síndrome do arrancamento das penas como diz alguns autores, é uma afecção comum na clínica aviária, podendo ser observada em várias espécies, dos menores psitacídeos como tiribas, calopsitas, Lóris, periquitos, aos maiores como papagaios, araras e cacatuas.
A doença se caracteriza pelo fato do animal se mutilar, inicialmente parecendo estar irritada com parte de seu tegumento, puxando violentamente suas penas, e posteriormente lesionando pele e musculatura.
Trata-se de um processo crônico e multifatorial, basicamente originadas por causas físicas ou comportamentais. As causas físicas mais comuns são ectoparasitas (ácaros de penas e sarnas), endoparasitas (protozoários e helmintos), dermatite, foliculite, vírus, fumaça de cigarro, corte incorreto das penas, doenças infecciosas como clamidiose, períodos excessivos de luz ou falta de luz solar.
As causas comportamentais incluem tédio (espaço pequeno e sem objetos para distração), medo, ansiedade, depressão, ciúmes, frustração sexual, superpopulação na gaiola ou viveiro, mudança repentina de ambiente, dentro outras. O ideal é fazer um check-up geral com exames complementares a fim de diagnosticar uma possível patologia, usando as técnicas corretas para identificação dos agentes que se suspeita.
Atenção especial para um item importante que deve ser revisto, a dieta! Muitas das aves que apresentam esse comportamento mutilante são alimentadas com dieta inadequada contendo sementes secas (girassol, amendoim), leite, pão, café, comidas caseiras, e todos esses alimentos são inadequados para o trato gastrointestinal e saúde das aves.
As aves precisam de uma alimentação adequada para que seu trato digestivo consiga absorver os nutrientes , e assim garantir todo o suporte que o organismo precisa. Caso contrário, o sistema imunológico ficará debilitado e o aparecimento de doenças secundárias é certo.
O prognóstico e tratamento dependem da causa, e muitos casos parecem incuráveis, porém alguns respondem bem. Deve-se ter paciência, pois é uma patologia que demora apresentar sintomas uma vez que a causa já está instalada há tempos, e a utilização de colares no pescoço da ave se faz necessária. O seu acesso às áreas afetadas deve ser dificultado, e esse colar deve permanecer até a cura das feridas ou início do crescimento das penas.
De acordo com a experiência na rotina clínica, o uso de medicamentos tópicos, como por exemplo, aplicar extrato de babosa (aloe vera) nas áreas afetadas pode inibir o comportamento compulsivo de se ferir.
Em alguns casos mais extremos, além de tudo citado, o uso de medicamentos psicotrópicos se faz necessário. De toda forma, recomendamos oferecer melhor qualidade de vida para a ave, providenciando mais objetos para distração, espaço para atividade, aves para companhia e reprodução, ambientes limpos, arejados e iluminados, reduzindo os fatores estressantes.