Avifauna e a recuperação de áreas degradadas



O Meio ambiente – ou ambiente, como muitos estudiosos preferem chamar, por afirmarem que meio e ambiente são palavras com o mesmo significado - é o assunto do momento. Não é novidade para muitos que o ambiente se encontra ameaçado pelos processos de evolução da raça humana.


Uma determinada área degradada é aquela que sofreu, em algum grau, perturbações em sua integridade, sejam elas de natureza física, química ou biológica. São muitas as áreas degradadas que se estendem por todo o globo, de certa forma concentradas em pontos onde as características naturais do local (clima, relevo) favorecem a produção de alimentos e despendem pouco custo monetário para a exploração, tais como correções de solo ou terraplanagem.

 

Estas áreas, muitas vezes, têm a sua cobertura vegetal natural retirada e substituída por pastagens, indústrias, culturas e atividades pecuárias. O impacto ambiental pode ser irremediável, mas em muitas ocasiões, utilizando-se de técnicas de recuperação destas áreas, a situação pode ser diferente. É aí que entra a recuperação de áreas degradadas, ciência que vem se difundindo no Brasil e que é de extrema importância na busca do desenvolvimento sustentável.As técnicas de RAD se concentram no papel fundamental da fauna e flora para restauração ou recuperação de um ambiente.

 

Importante lembrar que existe uma diferenciação entre os dois conceitos: a restauração visa a restituição de um ecossistema e de uma população silvestre degradada o mais próximo possível de sua condição original, enquanto a recuperação restitui tal área em uma condição de não degradada, que pode ser diferente da condição natural. Diante disso, a utilização e entendimento da relação da avifauna no processo de recuperação de áreas degradadas se torna muito importante.

 

O comportamento das aves de transportar assementes para outros habitats é, no processo de recuperação de áreas degradadas, um auxílio fundamental e de baixo custo. Em florestas tropicais, a síndrome de dispersão de sementes mais frequente é a zoocórica, sendo entre 60 e 90% o índice de espécies adaptadas a esse tipo de transporte das sementes. Neste sentido, diversas técnicas são utilizadas para atrair a avifauna para áreas degradadas, tais como: instalação de bebedouros nas proximidades das habitações humanas, plantio de árvores frutíferas, instalação de abrigos naturais ou caixas boxes para nidificação, uso de poleiros artificiais.

 

As árvores isoladas entre fragmentos de mata também são de extrema importância, pois servem como pontos de parada para as aves frugívoras que cruzam áreas abertas, onde podem depositar sementes oriundas de áreas florestadas. Tais pontos de acúmulo de sementes podem ser considerados como centro de estabelecimento de plantas, contribuindo para a dinâmica da sucessão dessas áreas degradadas.

 

Dessa forma, não se discute o papel das aves como agentes dispersores de sementes e, consequentemente, na dinâmica e estrutura de comunidades vegetais. Entre 70 e 90% das espécies de plantas lenhosas presentes em florestas tropicais úmidas são dispersas por animais vertebrados. É importante consolidar informações e estudos tanto na ecologia de espécies vegetais arbóreas,quanto na interação destas com a avifauna, visando propostas eficazes de modelos de revegetação mais eficientes e compatíveis com as características naturais de cada área.


Por Rafael Nogueira Paiva Barreto

Engenheiro Ambiental CREA 223491/D responsável pela Falcon Assessoria Ambiental