Doença ósseo-metabólica em répteis
Os répteis estão classificados dentro da classe Reptilia , que está dividida em três ordens: Squamata, Chelonia e Crocodylia.
A ordem Squamata (escamoso) abriga os animais que possuem corpo revestido de escamas e se divide em duas subordens: Sauria (lagarto, teiú e iguana) e Ophidia (serpente).
Na ordem Chelonia encontramos as tartarugas, os cágados e os jabutis. Nesses animais, formam-se placas dérmicas que se fundem, originando uma carapaça dorsal e um plastão ventral rígidos, que protegem seu corpo. As vértebras e costelas fundem-se a essas estruturas.
Outra ordem é a Crocodylia que compreende os jacarés, crocodilos, alligartos e gaviais. Estes animais, além de escamas, possuem placas dérmicas revestindo o corpo.
Os répteis são animais ectotérmicos, ou seja, incapazes de manter temperatura corporal constante por mecanismos fisiológicos intrínsecos, e dessa forma, a temperatura corporal desses animais sofre grande influência da temperatura ambiental.
Sabemos que os répteis termorregulam (controlam dinamicamente a perda e o ganho de calor do organismo) procurando ambientes adequados às suas necessidades e para tal alguns mecanismos podem ser empregados na adequação da temperatura corporal, por exemplo: procura por micro-habitat quente ou frio; capacidade de mudar de cor a pele e dessa forma aumentar ou diminuir a absorção de calor; alterar padrões cardiovasculares; alterar postura corporal, como achatar o corpo contra o solo, orientando-o paralela ou perpendicularmente aos raios solares e, assim, alterar a superfície exposta à radiação solar.
Todos os animais dependem de uma dieta balanceada, ambiente adequado, consumo eficiente de cálcio, equilíbrio nos níveis de cálcio e fósforo, produção suficiente de vitamina D, decorrente da exposição a raios ultravioleta (UV). A falta ou redução de qualquer destes itens, compromete a saúde dos animais, que passam a desenvolver o quadro patológico denominada doença ósseo-metabólica, também comumente referida como MBD (metabolic bone disease).
Em répteis, no caso de alterações que incluem deformações na carapaça, crescimento dos escudos epidermias em formato piramidal, crescimento vertical excessivo das pontes ósseas entre carapaça e plastão, crescimento excessivo das unhas e ranfoteca (bico córneo), amolecimento do casco, peso e tamanho inferior ao normal, descalcificação óssea e fraturas.
A osteodistofria metabólica é uma enfermidade comumente observada em criações domésticas de répteis, principalmente em grandes lagartos herbívoros e quelônios, mas também bastante comum em criações comerciais de jacarés.
A insuficiência de cálcio no organismo é o fator determinante desta patologia, levando a alterações no crescimento, deformidades físicas e fragilidade óssea. A alimentação costuma ser o principal fator que predispõe o problema. Alguns alimentos têm uma relação fósforo/ cálcio inadequada, não sendo indicados como uma alimentação adequada para o animal.
A insuficiência de cálcio pode não estar relacionada simplesmente a uma alimentação carente desse elemento, e pode não ser a causa primária. As falhas metabólicas da patologia podem estar relacionadas com falhas no processo que envolve a síntese inadequada de vitamina D, devido a uma insuficiência de radiação de luz ultravioleta em répteis de cativeiro.
A vitamina D possui grande efeito sobre o aumento da absorção de cálcio no trato gastrointestinal, promovendo o transporte deste elemento e fixando-o nas células intestinais. A maior parte desta substância é formada sendo irradiada pela luz ultravioleta na pele, daí a grande importância da adequada exposição à luz solar direta ou da presença de iluminação artificial correta.
Além da exposição insuficiente a radiações de luz ultravioleta e relação inadequada cálcio/fósforo, outros fatores que podem colaborar para o surgimento das patologias osteodistróficas são doenças primária dos rins e fígado, paratireoide, infecções, neoplasias, etc.
Portanto, para evitarmos uma osteodistrofia ou mesmo outras patologias indesejáveis em nossos répteis precisamos levar em consideração a seguinte “fórmula”: calor + luz + UVA + UVB. Geralmente podemos detectar um erro de manejo relacionado ao ambiente artificial, portanto, além do tratamento de acordo com o indicado por um médico veterinário especializado em répteis, é fundamental corrigir o que não está de acordo no ambiente artificial e/ou manejo nutricional para um bom desenvolvimento do indivíduo.