Doenças do sistema urinário em roedores e lagomorfos



Infecções do sistema urinário são casos comumente encontrados na rotina clínica de roedores e lagomorfos, destaque para ratos, coelhos, gerbilos e porquinhos-da-índia, animais moderadamente propensos às alterações urinárias no decorrer da idade.

 

Cada espécie possui uma característica relevante se tratando de alterações patológicas do trato urinário, mas fatores como nutrição, predisposição genética, presença de parasitas, anatomia e fisiologia de cada espécie, e algumas infecções mesmo que inaparentes são fatores relevantes.

 

Muitas alterações não são diagnosticadas da maneira correta, pois a ausência de sinais clínicos específicos pode dificultar o trabalho do clínico que não tem muita experiência no atendimento de roedores e lagomorfos (coelhos). O uso indiscriminado de alguns fármacos e alimentos mofados podem ser causas primárias de lesões no sistema renal.

 

Em relação às alterações que acompanham a idade, podemos citar a degeneração do tecido renal e síndrome nefrótica, caracterizada por edema, dislipidemia e excreção de proteínas na urina, resultando em baixos níveis de proteínas importantes no sangue, como a albumina e transferrina, por exemplo.

 

Os coelhos possuem um metabolismo de cálcio diferenciado, onde a maioria do cálcio ingerido na dieta é absorvido a nível intestinal, sendo o excesso excretado pelos rins. Não é diretamente dependente da vitamina D como na maioria dos mamíferos, e a quantidade de cálcio absorvido aumenta proporcionalmente com o aumento deste mineral na dieta.

 

Um coelho que apresenta alterações no trato urinário inferior possivelmente consome cálcio em excesso na dieta, além da presença de outros fatores como obesidade, suplementação equivocada, acesso livre a comida e alfafa, exercícios limitados.

 

No caso do porquinho da Índia, observamos que fêmeas com mais de três anos de vida apresentam uma predisposição para formação de cálculos na bexiga e cistite. São animais de patas curtas, ficam próximos ao chão, onde podem adquirir bactérias indesejáveis por contato com excrementos e substrato sujo, por isso a importância da higiene onde o animal fica.

 

Uma dieta adequada é importante, pois também são animais que absorvem o cálcio de forma diferenciada, necessitam de vitamina C e a suplementação inadequada de minerais aumenta o risco da formação de cálculos. É necessário diminuir o fornecimento de cálcio, aumentar ingestão de fibras (vegetais), diminuir a quantidade de calorias (gorduras) e oferecer um correto manejo ambiental, com espaço para o animal se exercitar.

 

A leptospirose é uma doença que deve ser informada aos proprietários de roedores de companhia, e alguns orientações são pertinentes. É uma zoonose, ou seja, doença transmitida naturalmente entre animais e humanos, e a possibilidade do contato de roedores de vida livre com alimentos, substratos e instalações dos roedores de estimação favorece o contágio, visto que roedores de vida livre são portadores naturais da bactéria Leptospira.


Vale lembrar que alguns antibióticos causam reações alérgicas ou são tóxicos para roedores, e não devem ser utilizados. Portanto, consulte sempre um médico veterinário que tenha experiência no atendimento de roedores e lagomorfos.