Medicina Veterinária na consultoria ambiental
O Brasil é um país que está sempre em desenvolvimento de Norte a Sul, vem crescendo com o passar dos anos e o avanço de obras é inevitável. O desafio do governo fica por conta de equilibrar crescimento e desenvolvimento em um país riquíssimo em biodiversidade de fauna e flora.
Empreendimentos como duplicação de rodovias, mineradoras, usinas hidrelétricas e suas linhas para distribuição de energia são considerados fatores de desenvolvimento para as sociedades humanas, e ao mesmo tempo representa uma fonte de distúrbio antrópico com profundas alterações em seu ambiente natural, onde populações de animais selvagens enfrentam declínio acentuado e problemas impossíveis de serem resolvidos sem interferência humana.
Para controle dos danos causados pela implantação de tais empreendimentos, são propostas medidas para mitigação, modulados e controlados pelos órgãos ambientais competentes, estaduais ou federais. Todo esse processo é precedido por inventários e diagnósticos ambientais. De forma geral, as medidas a serem implementadas no âmbito do programa de conservação da fauna, conforme proposto em alguns EIA’s (estudo de impacto ambiental) incluem prevenção de acidentes com a fauna, resgate, manejo e também monitoramento de fauna.
A prevenção de acidentes com fauna contempla uma série de medidas a serem executadas pelas construtoras a fim de minimizar os efeitos das atividades de obra sobre a fauna nativa, que passam por medidas específicas de orientação do pessoal envolvido, proteção de áreas (cavas, valas, buracos e canteiro de obras), orientações sobre trânsito de veículos e treinamento dos trabalhadores no que diz respeito a educação ambiental.
Durante supressão de vegetação, as espécies de vertebrados de menor porte e/ou com menor capacidade de deslocamento poderão ser afetadas, como por exemplo anfíbios, répteis (quelônios principalmente), marsupiais, roedores, além de espécies arborícolas como primatas, ouriços e preguiças. A presença de uma equipe especializada em fauna para acompanhar as atividades durante a obra tem por objetivo realizar o resgate e salvamento da fauna silvestre, bem como o aproveitamento científico dos espécimes.
É de extrema importância realizar o manejo da fauna a fim de promover seu deslocamento para áreas adjacentes que não serão afetadas pela obra, e também o envio de espécies afetadas ou que vieram a óbito para instituições de pesquisa, zoológicos, criadouros e afins. Os animais feridos em decorrência das atividades de obra serão atendidos em campo primeiramente, e depois encaminhados a um centro de triagem provisório para fins de tratamento e posterior relocação, quando possível.
Durante as atividades de resgate de fauna na área diretamente afetada, serão identificados ninhos e tocas de animais que estejam em período reprodutivo, e os filhotes e ninhegos encontrados serão encaminhados à base de apoio, para receber tratamento adequado e serem relocados assim que possível. No geral, os animais capturados são marcados, medidos, sexados, pesados e registrados com foto. Os cuidados necessários são definidos por médico veterinário, único profissional capacitado para avaliar a saúde e executar procedimentos clínicos, cirúrgicos, anestesias e eutanásia quando pertinente.
É importante que os profissionais envolvidos tenham além de conhecimento e experiência, discernimento durante o manejo dos animais para reduzir ao mínimo possível o estresse ao qual os mesmos são submetidos. A atuação do médico veterinário oferecendo apoio para consultorias ambientais ainda é enfraquecida ou fortalecida pela exigência dos órgãos ambientais, e não um consenso em relação a importância indiscutível da presença de tal profissional também durante os estudos para licenciamento ambiental dos empreendimentos.
O procedimento operacional denominado resgate de fauna, onde geralmente o médico veterinário é solicitado, trata-se de um processo polêmico e complexo, embora necessário e obrigatório. Depende de algumas variáveis para que seja executado com sucesso, principalmente de seriedade e comprometimento, pois em muitos casos, é uma oportunidade ímpar para contato com determinadas espécies no seu ambiente natural, e a chance para coleta de material biológico visando estudos de conservação da nossa fauna.