Reprodução das aves



A reprodução das aves silvestres é um acontecimento fisiológico complexo que envolve interações entre os sistemas nervoso, endócrino e reprodutor, juntamente com fatores ambientais, que dão o suporte necessário para o início de manifestações reprodutivas e comportamentos sexuais. Os fatores ambientais, como temperatura, clima, disponibilidade de alimento e interações sociais, desencadeiam as respostas neuroendócrinas e comportamentais.

 

Nas aves, como também nos répteis, os óvulos amadurecem e se encontram com os espermatozoides produzidos pelos machos dentro do corpo da fêmea, o que chamamos de fecundação interna. O principal fator ambiental que regula a reprodução das aves é o fotoperíodo, pois sincroniza as estações reprodutivas com a época ótima do ano para a sobrevivência da prole, com maior disponibilidade de recursos, sendo a duração do dia o que regula o ciclo sexual.

 

Todas as aves são ovíparas, ou seja, colocam ovos, dentro dos quais o embrião se desenvolve, sem ligação com o corpo da mãe, e além de praticarem fecundação interna, desempenham cuidado parental, que significa que um ou ambos os pais cuidam dos filhotes, seja chocando os ovos, pois eles precisam estar aquecidos para que o embrião se desenvolva, ou alimentando-os após o nascimento.

 

A construção dos ninhos (nidificação), incubação dos ovos e cuidado com a prole são aspectos importantes da reprodução das aves. Os ninhos protegem os ovos das agressões físicas como o calor, frio, ou chuva e contra os predadores. O tempo de cuidado parental é muito variável. Os filhotes de pássaros pequenos deixam o ninho cerca de duas semanas depois da eclosão e são alimentados por seus pais durante mais uma ou três semanas. As espécies maiores, tais como algumas corujas, ficam um mês no ninho e recebem cuidado parental por mais três meses após ter voado pela primeira vez.

 

As características físicas, também chamadas de morfológicas, presentes em fêmeas e machos, as quais possibilitam a diferenciação dos sexos, muitas vezes não são evidentes. Quando existentes, podemos diferenciar o macho da fêmea pelo tamanho ou pela cor (geralmente maior ou mais colorido). Nem todas as espécies de aves possuem dimorfismo sexual e que em algumas espécies o dimorfismo é inverso, sendo que a fêmea é a mais colorida, ou é maior, como no caso das aves de rapina como corujas, gaviões, falcões e águias. Vale lembrar do papagaio Ecletus (Eclectus roratus), uma das únicas espécies de Psittaciformes em que há dimorfismo sexual, nos machos a plumagem é verde e a íris alaranjada e nas fêmeas a plumagem é vermelha e azul e a íris amarela.

 

Quanto aos órgãos reprodutores das aves, as fêmeas possuem dois ovários, dois ovidutos (divididos em infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina), porém tanto o oviduto quanto o ovário direito são atrofiados e os esquerdos aumentam de tamanho apenas durante a fase reprodutiva. Essas características foram selecionadas durante a evolução, contribuindo com o voo. Os machos possuem dois testículos, dois canais deferentes e cloaca. Na maioria das espécies de aves, os machos não possuem órgão copulador, porém uma pequena parcela de espécies, apresenta um corpo fálico rudimentar, no qual o tamanho pode variar. Em “formato de feijão”, os jovens apresentam os testículos em coloração amarelada, enquanto os adultos, na cor branca.

 

A maioria das aves selvagens tem uma estação de reprodução específica. As aves mantidas sob cuidados humanos se reproduzem a qualquer momento com base no ambiente (fotoperíodo), estado nutricional, ausência   ou   presença de um companheiro (pássaro) ou companheiro percebido (humano) e / ou ninho. As fêmeas armazenam cálcio nos ossos (hiperostose), que é posteriormente usado na produção de casca de ovo. A ovulação ocorre em resposta ao aumento dos níveis de estrogênio e hormônio luteinizante.