Reprodução em répteis



Os répteis são animais fantásticos, o que estimula bastante a manutenção e criação em cativeiro. Não é de surpreender as variadas formas de reprodução desse grupo, existindo espécies ovíparas e vivíparas de diversas maneiras.

A classe Reptilia é uma das mais diversas se tratando de vertebrados, e os mais conhecidos são tartarugas, jabutis, cágados, serpentes e lagartos. O Brasil é apontado como um dos países mais ricos em herpetofauna do mundo.

Os répteis têm evoluído em vários ambientes, e essa adaptação leva a uma grande diversidade fisiológica e morfológica, trazendo alguns aspectos interessantes dentro dessa variabilidade. Existem variações entre as espécies quanto ao modo ovíparo ou vivíparo, sazonalidade variando ao longo das porções de floresta, comportamento de disputa entre machos, etc.

Os ovíparos realizam a postura de ovos que, depois de um certo tempo sendo incubados, variando de espécie para espécie, o filhote nasce e sai do ovo. Algumas serpentes são capazes de elevar a temperatura corporal utilizando reservas de gordura enquanto incubam seus ovos. Dentre as serpentes ovíparas podemos citar pítons, Corn snake, Caninana e algumas serpentes do grupo das “falsas corais”.

Ovos de répteis possuem formato alongado, e na maioria das espécies a casca é pouco mineralizada e flexível. Nos crocodilianos e quelônios, os ovos são mais mineralizados.

Nas espécies vivíparas, a fêmea dá luz a um filhote já formado que nasce após gestação, como é o caso das jibóia, jararaca, cascavel e sucuri. Répteis vivíparos geralmente tem um período de gestação entre 6 a 10 meses, dependendo da espécie. O ideal é garantir uma boa alimentação para a fêmea, principalmente no primeiro trimestre após a cópula, a fim de formar reserva energética, pois no final da gestação a fêmea pode reduzir a alimentação ou parar de se alimentar.

Os répteis apresentam comportamento reprodutivo sazonal, e além da temperatura e todo ciclo térmico, o fotoperíodo exerce grande importância para o estímulo sazonal da reprodução.

A distinção entre macho e fêmea gera sempre dúvidas e curiosidades. Em tartarugas e jabutis, geralmente os machos apresentam o plastrão (parte debaixo do casco) côncavo e a cauda mais longa e desenvolvida que as fêmeas. Em alguns cágados, o macho tem as unhas mais desenvolvidas nos membros torácicos, para possibilitar que agarrem a fêmea durante a cópula na água. Vale lembrar que as diferenças só aparecem após certa idade ou tamanho, variando entre as espécies.

Lagartos também possuem dimorfismo, mas as diferenças não são evidentes em indivíduos jovens. Machos de iguana têm cristas maiores e poros femorais desenvolvidos.

Os répteis machos têm órgãos copulatório duplo chamado de hemipênis, que é exposto na hora da cópula por músculos especializados da cauda.

Problemas gestacionais não são incomuns, e dentre eles a distocia é frequente em espécies ovopositoras. Pode ser de origem multifatorial e geralmente está associada com inadequações ambientais, recinto com locais inapropriados para a postura, estresse térmico, desidratação, função renal prejudicada, fêmeas pequenas para reprodução e desnutrição.

Dentre outros problemas reprodutivos muito comum na clínica de répteis temos retenção ou estase folicular ovariana e prolapso de hemipênis ou oviduto. Como ferramenta importante de diagnóstico e estudos, devemos utilizar a ultrassonografia e radiografia, acompanhando os animais com repetidas avaliações e diagnóstico das enfermidades reprodutivas.

A medicina veterinária somada aos conhecimentos da biologia deve cumprir a missão de proporcionar saúde animal em todos os seus níveis. As modernas técnicas de criação e reprodução tem sido fundamental como ferramenta de conservação das espécies.